sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Paranaense apoia desarmamento

Pessoas
Cada vez que vejo o 'resultado' de alguma pesquisa, entro num conflito interno que só vendo.
Como Geógrafo, sei e entendo que as pesquisas servem e podem balizar algum tema.
O que incomoda é que não conheço um ser que tenha sido entrevistado para as tais pesquisas.
Aliás, lanço um desafio: Se você conhece alguém que tenha sido entrevistado para qualquer coisa: ibope, pesquisa eleitoral, enfim..., retorne com um SIM, ou se você é tal qual eu, retorne com um NÃO.

Aguardo comentários e boa leitura

Paranaense apoia o desarmamento

Pesquisa mostra que 70% são contrários ao comércio legal de armamentos no país. Especialistas dizem que artefatos tornaram crimes mais violentos

Sete entre dez paranaenses acreditam que o comércio de armas de fogo deve ser proibido no Brasil. Na mesma proporção, 70% acham que uma arma não dá mais segurança para quem a possui, tanto que não comprariam nem por meios legais – a média de recusa sobe para 95% se a arma for ilegal. Esse é o resultado de um levantamento feito pelo Instituto Paraná Pesquisas, com amostragem de 1.505 entrevistas em 70 municípios do Paraná, entre 8 e 15 de julho. Assim como especialistas do setor, o paranaense atribui às armas o avanço da violência criminal.
A conclusão parte da constatação de que a criminalidade não é igual à da década de 50. Para o coordenador do Núcleo de Estudos da Cidadania, Conflito e Violência Urbana da Universidade Federal do Rio de Janeiro, o sociólogo Michel Misse, não se pode subestimar o papel tecnológico das armas. Numa briga nos anos 50, o máximo a que se tinha acesso era um revólver. O sujeito dispunha mais da capacidade física para entrar em conflito, ou, quando muito, uma arma branca, cujo poder letal é menor do que o revólver. Com o tempo, as armas de fogo mudaram essa lógica.

Hoje há armas de diferentes poderes letais. Uma automática tem poder de fogo superior ao de uma arma calibre 32, por exemplo. Quem dispõe de um fuzil ou metralhadora tem um poder letal maior ainda. “A tecnologia e o acesso à arma são fatores importantes para explicar as mudanças na letalidade na área criminal”, diz Misse. Essa é uma dimensão do problema, mas não a única. A outra se refere aos homicídios. Antes as taxas eram bem menores e isso permitia à polícia chegar ao culpado. Portanto, a taxa de impunidade era menor.
Agora, a polícia não dá conta de todas as ocorrências. Isso eleva as taxas de impunidade e faz com que os conflitos sejam resolvidos da forma mais radical, com armas de fogo. “Naquela época [anos 50] evitava-se matar porque a possibilidade de ser preso era grande, então a pessoa feria, mas não matava. Hoje, acaba-se matando mesmo quando a intenção é só ferir, porque a arma é muito letal”, explica Misse.
“Claro que temos de levar em consideração os avanços na indústria de armas, um negócio poderosíssimo no mundo inteiro. Essas atividades [criminosas] também se nutrem de poderosos armamentos, com uma capacidade de produzir mortos e vítimas muito grande”, diz o coordenador do Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo, o sociólogo Sérgio Adorno. “É possível estabelecer até correlações estatísticas entre as mortes e a expansão da indústria de armas, a circulação de armas, embora a gente não tenha dados muito precisos.”
Adorno aponta ainda a mudança do perfil da criminalidade, mais violenta e organizada. Fenômeno de duas ou três décadas, o crime organizado se espalhou Brasil afora. Num descompasso, a Justiça continuou operando como há 30 anos. Ou seja, a criminalidade se modernizou e o sistema jurídico estagnou. “Não é a única explicação, mas é uma explicação”, afirma Adorno. Quando ele fala em sistema de Justiça, inclui a polícia, o Ministério Público na sua tarefa de denunciar os crimes e os criminosos, e a Justiça na sua tarefa de processar os crimes e atribuir uma sentença.
Sociedade está mais agressiva, diz sociólogo
O sociólogo Sérgio Adorno observa que o avanço dos homicídios é um fenômeno muito presente não só no Brasil, mas nos países latino-americanos. O que explica isso? “Acho que nós, sociólogos, ainda não temos respostas definitivas. Muitas pesquisas estão sendo feitas, há muitas hipóteses, mas não necessariamente coincidentes. A gente ainda está na fase de ensaios”, diz. Mas houve mudanças, salienta Adorno.
Há 30 anos havia furtos e crimes contra o patrimônio, mas a criminalidade violenta, que envolve ameaça à integridade física, muitas vezes levando à morte, es­­tavam mais ou menos contidas. “O que se vê nos últimos 30 anos não é só o crescimento dos crimes, mas o crescimento acelerado da vio­­lência mais agressiva. Cresceram os homicídios, a extorsão mediante sequestro, o latrocínio.”
Na avaliação de Adorno, cresceram também, sobretudo a partir do final do regime militar, as graves violações dos direitos humanos: linchamentos e execuções praticadas por grupos de extermínio. Cresceram ainda as intervenções violentas da polícia nas prisões e nas instituições encarregadas de atender jovens e adolescentes.

Fonte:

http://www.gazetadopovo.com.br/pazsemvozemedo/conteudo.phtml?tl=1&id=1157128&tit=Paranaense-apoia-o-desarmamento

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