quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Edição 146 - Máscaras, uma crônica

Máscaras

Decepções me levaram a escrever sobre o tema: máscaras. Questiono se é possível viver sem máscaras, imagino que não. Inevitavelmente, em algum momento, lançamos mão desse artifício de vida curta. Para manter o emprego o sujeito bajula o chefe, para conquistar uma namorada o sujeito submete-se aos seus caprichos..., porém, em algum momento o teatro acaba, não se consegue mostrar o que não é por muito tempo. Vestimos máscaras durante nossa vida, fazemos parecer o que não somos. Dificilmente alguém cede de alguma forma se não tiver interesses escondidos. Ser educado não significa ser falso, e a ideia não é levar a discussão por esse viés.

Alguém que esta muito mal, passando por dificuldades emocionais, financeiras ou qualquer outra, desaba em casa, mas na rua precisa mostra-se forte. Chamado a emitir opinião, encara com responsabilidade, torna-se eloquente mas não consegue resolver seus problemas. E em casa, onde estão seus problemas, é visto como fraco, como alguém que 'não tem boca para nada', que não consegue se impor.
A vida segue rumo próprio, ninguém consegue enganá-la. Por mais que tentemos, isso ainda não é possível. Mas tentamos, e como tentamos. Quem, em sã consciência ou na mais pura ausência dela, lançou mão de um faz-de-conta para viver uma situação de pseudo conforto, mesmo que isso tenha um preço alto a ser pago. Ver alguém para satisfação pessoal, mesmo que provoque um sofrimento maior quando ouve que esse alguém já tem outro alguém, estranho? Permito-me lançar mão da dúvida, quem nunca...
A vida segue, arranjos são feitos, e  viver sem consequências ignorando a pequenez custa caro. Digo com isso que os laços devem ser mantidos com quem vale a pena, com quem não vale, descarte. O problema é descobrir com quem vale a pena.
As atitudes mostradas hoje, para quem tem um passado nebuloso, tem validade, fazem sentido ou impressionam apenas aqueles que não tem conhecimento desse passado. Por essas e outras que muitos mudam de cidade, de bairro, vão para onde ninguém o conhece e ali montam seu teatro, vestem sua máscara.
Voltando ao usar máscara para ser ou parecer forte, lembrei-me de Clarice Lispector e sua tirada sensacional: "Um amigo me chamou para cuidar da dor dele, guardei a minha no bolso e fui". Quem nunca vestiu a máscara de um super-herói e foi ajudar alguém a superar um problema que é idêntico ao seu? Quem nunca deu conselhos a um amigo que estava com problemas de relacionamento, tendo o seu de cabeça para baixo?
O desabafo ora lançado serve apenas como desabafo, não tenho a pretensão de lançar moda, ditar regras ou influenciar alguém na condução de sua vida, de seus atos...


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