sábado, 21 de abril de 2012

Edição 131 - O mocó mais caro do mundo

Pessoas
Edificações abandonadas por qualquer motivo, fatalmente se tornarão alvo de vândalos, ou de alguém que precisa de um teto para se abrigar.
Quando o alvo é um 'elefante branco', as notícias tomam outros rumos.

Criado para ser um símbolo de luxo e inovação, prédio giratório do Ecoville nunca foi habitado. Pichação reforça a imagem de abandono


Fachada do Suite Vollard: depois da pichação, segurança 24 horas

Em oito anos, o edifício Suite Vollard, no Mossunguê, passou de símbolo da inovação a ícone do abandono. Concebido para ser o primeiro prédio giratório do mundo com andares que se movem independentemente, ele foi lançado em novembro de 2004, mas nunca chegou a ser habitado. No mercado imobiliário, a opinião é unânime: o preço alto impediu a venda das unidades. Vazio, ele se tornou um troféu para os vândalos que marcaram sua fachada esta semana – e assumiram a proeza nas redes sociais.
O empreendimento foi criado pela extinta Construtora Moro. Naquela época, os apartamentos (todos com área privativa de 164 metros quadrados) podiam custar até R$ 800 mil, em valores não corrigidos. O valor do metro quadrado equivalia ao dobro da média dos empreendimentos de alto padrão na capital paranaense. O projeto não decolou, apesar dos esforços dos seus idealizadores para difundir a tecnologia, inclusive no mercado internacional. O Suite Vollard – nome de uma coleção de gravuras do pintor espanhol Pablo Picasso – foi notícia em publicações especializadas em arquitetura do mundo inteiro.
Em meados de 2008, a Spin Buildings, empresa da família Moro criada para administrar o empreendimento, foi em busca de novos parceiros e prometeu relançar o Suíte Vollard, depois de investir um montante de R$ 13 milhões em reformas internas e externas para adaptar a construção aos padrões do mercado.
Apesar da promessa, o relançamento nunca ocorreu. Enquanto isso, um outro tipo de público aproximou-se do local, tirando proveito da localização – uma rua de pouco movimento, sem saída. Vizinha do prédio, Odila Kramen afirma que a região do prédio é usada frequentemente como ponto de compra e venda de drogas. “É impressionante como os vândalos conseguem fazer isso no prédio inteiro de uma hora para outra. Até semana passada, somente o último andar do prédio estava pichado”, conta.
Ontem, funcionários de uma empresa de segurança estavam fazendo vistoria para conferir avarias. Um deles, que não quis se identificar, afirmou que a atual administradora solicitou vigilância de todo o edifício 24 horas por dia. Até então, não havia qualquer porteiro ou vigilante.
O abandono veio depois de uma sucessão de problemas. O Suíte Vollard esteve para ir a leilão duas vezes, em março e novembro de 2010. Para os leilão, os apartamentos foram avaliados por R$ 2,376 milhões. O valor total de avaliação para o edifício ficou em R$ 26,136 milhões – o que faz do empreendimento, provavelmente, o mocó mais caro do planeta.
Créditos
gdp

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