quinta-feira, 12 de abril de 2012

Edição 125 - Vazão das Cataratas do Iguaçu fica quatro vezes menor que o normal

Pessoas
O cenário desnudo é belo
Belo e trágico

Segundo a Copel, além do quadro de seca, a vazão nas Cataratas está em queda porque as cinco usinas situadas ao longo do Rio Iguaçu operaram com potência reduzida


A falta de chuva no Paraná mudou o cenário da principal atração turística do estado. A vazão dasCataratas do Iguaçu, no Parque Nacional do Iguaçu, Oeste do estado, chegou a 373 metros cúbicos por segundo nesta terça-feira (10). O volume registrado é cerca de quatro vezes menor que a média normal, que é de 1.500 metros cúbicos por segundo.


Falta de água deixa traços do cânion em evidência
Na manhã de segunda-feira, a marca foi inferior, 355 m3/s, considerada a mais baixa deste ano. Segundo a Copel, além do quadro de seca, a vazão nas Cataratas está em queda porque as cinco usinas situadas ao longo do Rio Iguaçu operaram com potência reduzida no final de semana, até porque a demanda por energia é menor. O cenário deve começar a mudar nas próximas horas.

Apesar da seca, as Cataratas não perdem a beleza. O turista pode contemplar o atrativo de um ponto de vista diferente. Boa parte do conjunto de 275 saltos d´água desaparece, deixando em evidência os traços do cânion.


Lagos ocupam menos de um terço da capacidade. Acionamento de térmicas para garantir abastecimento pesará no bolso do consumidor


A estiagem na Região Sul deixou os reservatórios do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul no nível mais baixo para esta época do ano desde pelo menos 2002, ano em que teve início a atual série histórica. A média de água armazenada na última terça-feira era de 31,8% da capacidade máxima, segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). No mesmo período do ano passado, o índice estava próximo a 93,5%. A condição contrasta com reservatórios das demais regiões brasileiras, que ocupam no mínimo 78% da capacidade.

No Paraná, a situação é crítica no Rio Iguaçu. Os reservatórios das cinco usinas situadas ao longo do rio armazenam 35% do volume máximo de água. O maior dos cinco reservatórios do Iguaçu, o da usina de Foz do Areia – a maior da Companhia Paranaense de Energia (Copel) – opera com somente 23% de sua capacidade.
Para compensar a falta de chuva no Sul e garantir o equilíbrio do sistema elétrico brasileiro, o governo colocou algumas termelétricas em funcionamento, incluindo a Usina Elétrica a Gás (UEG) Araucária, administrada pela Copel, acionada na semana passada. A UEG gera hoje cerca de 480 megawatts (MW) médios, o equivalente a quase toda sua potência, que é de 490 MW.
Pelo menos 28 usinas termelétricas de um total de 65 existentes no país estão operando, segundo os boletins do ONS. Movidas a gás natural, óleo combustível, carvão ou outros combustíveis fósseis, algumas delas são acionadas apenas em caráter excepcional: funcionam como um “seguro” para não faltar energia ao consumidor. No entanto, apesar de a estratégia funcionar como garantia contra a falta de energia, em médio e longo prazo seus custos do acionamento das témicas são absorvidos pelo consumidor – eles serão repassados às tarifas no ano que vem.
O coordenador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Gesel/UFRJ), Nivalde José de Castro, aprova a medida tomada pelo governo, apesar de reconhecer que o consumidor vai pagar a conta do acionamento das termelétricas emergenciais.
Não há cálculos para mensurar o impacto das termelétricas no bolso do cidadão, mas, para o professor, isso não é preocupante porque o custo é dividido por todos os consumidores do país. “O acionamento de termelétricas é natural, principalmente nesta época do ano, quando os reservatórios da Região Sul estão baixos”, diz.
Para Castro, o sistema elétrico hoje tem uma boa estrutura. As termelétricas, diz, são acionadas justamente para evitar a falta de água nos meses seguintes. “Funciona como um seguro para que não tenhamos problemas pela frente”, afirma.
Mas essa avaliação não é consensual. O diretor da con­­sultoria Enercons, Ivo Pugnanoli, critica a manobra do ONS. Para ele, o país não precisa recorrer às termelétricas porque a energia que falta no sistema pode vir de outros reservatórios, uma vez que “a seca nunca atinge o Brasil inteiro”. “Há uma ‘apagãofobia’. Em 2006, quando houve seca, a energia foi gerada em hidrelétricas de outras regiões”, diz.
Pugnanoli também diz que o governo faz uma “maquiagem” para o valor não ser notado pelo consumidor. Na conta de energia, diz, em vez de o custo ser computado na rubrica “geração”, é colocado no campo “encargos e serviços do sistema”.
Situação de Itaipu é confortável
No Paraná, o quadro de seca dos reservatórios situados ao longo do Rio Iguaçu contrasta com o desempenho da segunda maior hidrelétrica do mundo em capacidade instalada, a Itaipu. A usina, localizada no Rio Paraná, que é “abastecido” pelas chuvas nas regiões Centro-Oeste e Sudeste, opera normalmente: nos primeiros três meses deste ano, até registrou aumento de geração em relação ao mesmo período do ano passado.
Entre janeiro e março de 2011, a usina gerou 23 milhões de megawatts-hora (MWh). Neste primeiro trimestre, foram 24,7 milhões de MWh, geração suficiente para abastecer o Paraná por um ano ou Curitiba por cinco anos.
A perspectiva do diretor-geral da Itaipu Binacional, Jorge Samek, é de que o volume de geração de energia este ano ultrapasse a marca histórica de 2008, ano em que a usina produziu 94,6 milhões de MWh.
O índice favorável na geração de energia da Itaipu se deve ao bom desempenho dos reservatórios da Região Sudeste no início deste ano, em razão do regime de chuva. Isso fez o lago de Itaipu manter o nível normal e armazer água.
Vertendo água
O desempenho da usina se reflete nas operações do vertedouro. Na semana passada, nos dias 5 e 6 de abril, o vertedouro chegou a ser aberto. No dia 5, o total de água vertida atingiu 1.172 metros cúbicos por segundo, acima da quantia de 919 metros cúbicos por segundo do dia 6. Em 2011, a Itaipu atendeu 17% do consumo no Brasil e 73% do paraguaio. A capacidade instalada da usina é de 14 mil MW. (DP, com Folhapress)


Créditos
gdp

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