terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Edição 102 - História da Basílica Menor

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Serve como referencial histórico da antiga Catedral, hoje Basílica Menor.
Muitas informações e curiosidades...
Caso as informações postadas aqui sejam utilizadas para pesquisa, peço a gentileza de referenciar a autora da reportagem: Polliana Milan.





Bela e imponente, com uma arquitetura que deu o que falar

Basílica não será a mesma depois da restauração. Conheça os detalhes da recuperação de um patrimônio arquitetônico de Curitiba que estava quase ruindo

A restauração da Catedral de Curitiba começou em janeiro de 2011 e deve ficar pronta em dezembro do ano que vem (40% das obras foram feitas). Desde que arquitetos e mestres-de-obras entraram nas áreas mais inimagináveis da igreja, retirando cinco caminhões de puro entulho, apenas uma notícia virou burburinho por enquanto: a existência de um poço no presbitério. Na verdade, o poço existe e não passa de um buraco escuro com água dentro, criado durante as perfurações de análise de solo para a construção da igreja.

O que até agora não se falou, por outro lado, é que a Catedral não perde nada em beleza arquitetônica para outras igrejas – de diversas partes do mundo – que foram construídas na mesma época. Os detalhes arquitetônicos não eram vistos com olhos de surpresa porque, de fato, eles estavam escondidos por trás de infiltrações (principalmente perto do solo), camadas “extras” e desnecessárias de tinta e falta de manutenção. Mas, quando for entregue restaurada, é provável que se torne ponto de turismo, assim como as igrejas mineiras.

Só na pintura, um trabalho minucioso – de formiguinha mesmo – foi feito para se chegar ao que corresponde à segunda camada de tinta que as paredes receberam no fim dos anos 1940. Para se ter uma ideia, foram gastas cerca de duas horas com um bisturi em cada dez centímetros quadrados da parede para remover as três camadas de tinta e se chegar à pintura que deveria ser recuperada.

Identidade à tinta

A arquiteta responsável pelo restauro, Giceli Portela, da empresa G Arquitetura, explica que foi decidido, em uma comissão da reforma e com integrantes da igreja, que a pintura a ser recuperada não seria a original, em estilo gótico e bastante simples, mas a de 40 anos depois (que corresponde à segunda camada), feita pelos irmãos italianos Anacleto e Carlos Garbaccio a pedido da Liga Feminina da Igreja.



“As mulheres deram identidade à igreja quando decidiram alterar a pintura que era bem simples na época (frisos e trevos). Digo que foi dada uma identidade à Catedral porque as pinturas dos Garbaccio lembram uma pêssanka, cheia de detalhes, e retratam a identidade do povo paranaense, uma mistura decorrente da imigração”, afirma Giceli. Além disso, outro ponto que contou muito foi o fato de a pintura original ter permanecido na igreja um tempo bem menor que a dos irmãos Garbaccio, ou seja, esta última é a que mais identifica a Catedral a seus fiéis.

Nos 3 mil metros quadrados da Catedral, o que faltava para potencializar o uso da igreja era melhorar a qualidade do som (já se pensa em fazer recitais e concertos no local). Para passar o cabeamento da fiação elétrica, então, os responsáveis pela obra tiveram de suar. O chão não poderia ser quebrado por causa da pedra basalto que seria recuperada. Por isso a opção foi quebrar a parede.

No entanto, parte das paredes da Catedral foi feita com pedras muito grandes (como aquelas usadas nas reduções jesuíticas), e só uma broca usada em mineração conseguiu dar conta do serviço. Dos R$ 4 milhões que a Igreja conseguiu com a prefeitura para o restauro, boa parte foi usada para reparar a fiação elétrica (que estava ultrapassada e em mau estado) e a tubulação da água pluvial (que precisava ser totalmente refeita por causa das constantes infiltrações).



Enfim, as torres

No ano que vem, o restauro chega às duas torres. Com o fim das obras, a população poderá subir pelas escadarias das torres para ter acesso às tribunas que voltarão a ficar abertas: a missa poderá ser vista do alto também. Mas há um empecilho até agora não resolvido: os R$ 4 milhões arrecadados para o restauro não serão suficientes para que o trabalho de recuperação alcance os bens integrados da Catedral, como bancos, imagens, o órgão e o sino original que está na torre esquerda. “É uma parte ainda em iminência. Queremos entregar tudo restaurado, mas não depende apenas de nós”, afirma Giceli.

O problema é que, por estar no centro de Curitiba, a Catedral sofre o mal de não ter fiéis assíduos em número suficiente (grande parte dos que frequentam são turistas e pessoas que estão de passagem). Isso significa dizer que, enquanto entidade religiosa, ela não tem uma forte arrecadação como algumas igrejas de bairro. Por isso, não se sustenta. O resultado é que a igreja, na parte arquitetônica, estará toda recuperada no ano que vem. Mas que não se engane quem passa perto da Catedral: os sinos que tocam ainda não são os originais. Uma pena.



Arquitetura contando a história

A Catedral Basílica Menor de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais foi construída entre 1876 e 1893. O projeto, de estilo gótico, é do francês Alphonse Conde des Plas. Até 1879, a maior parte da mão de obra era de brasileiros de origem portuguesa e escravos. Depois, o predomínio era de imigrantes, principalmente alemães, inclusive luteranos. A falta de recursos atrasou a conclusão da obra.



Estrutura

Os tetos abobadados necessitam de estruturas que os sustentem. Para isso existem o contraforte e o arcobotante, estruturas sobre as quais o peso do teto é dividido. A técnica de construção empregada na catedral mistura pedra e alvenaria (tijolos).





Planta

A maioria das plantas de catedrais em estilo gótico, inclusive a de Curitiba, foram concebidas no formato cruciforme, simbolizando uma cruz latina. A antiga matriz de Curitiba quase ruiu porque foi construída em cima de lençóis freáticos. Por isso, quando foi feito o projeto da atual catedral, houve preocupação na análise do solo. Uma escavação de cerca de 4,6 metros foi feita para identificar a profundidade do lençol. Essa excavação virou um poço, que forneceu água durante as obras.



Igreja sem torres não é matriz

Odisseia daquela que se tornaria a Basílica de Curitiba começou há 344 anos e, entre demolições e reconstruções, ajudou a moldar a capital



A independência do Paraná, então província de São Paulo, em 1853, veio com um pedido a mais: a população que se desmembrara do outro estado agora queria ter ares de prosperidade, por isso não admitia mais uma igreja matriz sem torre. “Esta ausência mexia com o brio dos curitibanos”, afirma a historiadora Cassiana Lacerca. Sem titubear, duas torres foram encomendadas e “coladas” à estrutura da matriz existente: o problema é que a igreja já não aguentava mais ficar em pé por si só e, com a instalação das duas torres, sua estrutura literalmente começou a ruir (em decorrência dos lençóis freáticos superficiais).

As rachaduras nas paredes tornaram-se frequentes e bastou uma forte chuva para que a alvenaria do teto viesse abaixo, sobre os fiéis. Uma comissão analisou o edifício e recomendou a demolição em 1875 (138 anos depois da primeira reforma pela qual passou). Foi em meio às lamentações da população que surgiu o projeto da atual catedral de Curitiba: os fiéis temiam que a nova construção demorasse porque a falta de dinheiro sempre foi um empecilho. E estavam certos: ela levou 16 anos para ficar pronta e foi entregue sem pintura.
A história da matriz de Curitiba, porém, começa antes. A primeira igreja foi uma singela construção de pau a pique, com telhas coloniais, feita em 1668. A ideia era a de que ela ocupasse o centro da Praça Tiradentes (onde a cidade surgiu), mas, como era de uma arquitetura muito modesta, ficou decidido que ficaria na lateral. “Desde os primeiros viajantes que aqui chegaram, o comentário sempre foi o mesmo: que a igreja não ficava no meio da praça, mas na lateral. Este modelo existe na Europa, mas em número reduzido. Não é algo usual”, comenta Cassiana. As duas igrejas seguintes (a matriz e a atual catedral) mantiveram a ocupação semelhante, no entorno da praça.

Catedral

Foi com o projeto arquitetônico que começou a odisseia. O primeiro engenheiro entregou as plan­­tas em apenas 15 dias, ou seja, literalmente fez uma cópia de algum projeto que já existia porque nenhum profissional seria capaz de desenhar uma obra suntuosa em tão pouco tempo. Conforme relatou o historiador Ruy Wachowicz, no livro As moradas da Senhora da Luz, o projeto inicial imitava uma capela bizantina. “Antigamente os engenheiros tinham o costume de copiar projetos”, afirma Wachowicz no livro.

O segundo arquiteto, Alphonse Conde des Plas, foi o que desenhou (com possivelmente algumas cópias) o projeto atual. Claro que o projeto sofreu modificações diversas vezes (uma das maiores alterações foi feita pelo engenheiro Giovani Lazzarini, como o teto modificado para o formato em abóbadas e as ornamentações).

O estilo gótico da catedral, contudo, saiu dos desenhos de Plas, o que foi mantido durante toda a construção para a infelicidade de uma parte de clérigos e da elite dominante (de origem portuguesa) que defendiam que o barroco era o melhor estilo, posto que o gótico representava o imigrante “forasteiro” e também porque já existiam em Curitiba templos góticos como o luterano da Rua Trajano Reis e a Igreja Bom Jesus, da Praça Rui Barbosa, ambas edificadas por alemães.

Lei Áurea

Nos bastidores da construção, estavam sete escravos que depois foram alforriados, graças ao caráter do engenheiro Lazzarini, que não gostava de ter trabalhadores nessas condições e acabou comprando a liberdade deles. Um ex-escravo, posteriormente, foi mestre de obras. Além de trabalho escravo, a igreja teve também construtores imigrantes (portugueses e, sobretudo, alemães).

Como dinheiro sempre foi um problema para a construção da catedral, o jeito foi – por força de lei – determinar que uma parte dos lucros arrecadados com as loterias fosse destinado às obras da matriz. Segundo informações de Cid Destefani, no livro A cruz do alemão, cada extração da loteria gerava um lucro de cerca de 7 contos e 500 mil réis (para comparar, uma passagem ida e volta de Paris, nesta época, custava 290 contos).

Com verbas arrecadadas, desta vez foi possível dar duas torres à matriz. Originalmente, o projeto previa que, na torre do lado esquerdo (para quem olha a catedral de frente), ficaria o sino e um relógio e do lado direito um observatório de meteorologia e um barômetro. Esta segunda parte nunca saiu do papel, por isso a igreja ganhou, depois, mais um relógio na outra torre (porque o barômetro era caro) e foram instalados outros sinos que funcionam até hoje.

A obra foi concluída em 1893, mas ficou sem pintura interna por 16 anos. No ano de seu centenário, em 1993, a catedral de Curitiba foi elevada à condição de Basílica Menor pelo Papa João Paulo II, mas por causa de seu anexo (feito em 1947) ela não consegue ser tombada pelo Iphan como patrimônio histórico. Ela é tida como Unidade de Interesse de Preser­vação do município, mas sua arquitetura poderia estar certamente entre as mais belas a serem preservadas no Brasil.

Curiosidades

Acontecimentos inusitados permearam a história das três igrejas matrizes de Curitiba. Confira:

Pedras

Com a demolição da antiga matriz, algumas pedras foram usadas para a construção da catedral. Mas uma parte delas também foi para fazer o calçamento das ruas, principalmente por causa da chegada de dom Pedro II (em 1880) ao município, que tinha até então somente ruas lamacentas. A população ficou indignada e até alguns funcionários da comissão de obras da catedral pediram a conta porque acharam um desrespeito usar as pedras da antiga matriz para o calçamento. A grande questão é que os mortos, até então, eram enterrados dentro do pátio da igreja e, com sua demolição, os ossos ficaram inevitavelmente misturados às pedras e entulhos. Por isso se dizia que as ruas estavam sendo feitas com ossadas humanas.

Independência

Dois anos após o Paraná se desmembrar de São Paulo, a população de Curitiba tinha o seguinte perfil: a cidade cabia em 27 quarteirões, 308 casas mais 52 em construção para uma população de 5.819 pessoas, incluindo 47 estrangeiros, segundo o livro Curitiba na Província, de Edilberto Trevisan.

Câmara

Por causa dos crimes constantes e com um capitão (da segurança) já velho e doente, a população decide eleger as primeiras autoridades de Curitiba e instalar a Câmara Municipal, em 1693. Os eleitos são empossados dentro da velha matriz (a data ficou como a fundação da cidade), onde eram feitas as sessões.

Relógio

Quando a antiga matriz recebeu torres (que condenaram sua estrutura) um relógio foi instalado em uma delas. Foi a partir desse relógio que Curitiba passou a ter horas exatas (antes havia apenas o relógio do sol). Esse relógio guiava o funcionamento de tudo. Mas, como era de corda, o coveiro do cemitério teve de ficar responsável por dar a corda no equipamento todo dia.

Nome cercado de lendas

A origem de Curitiba bem como o nome dado à igreja são questões que só a lenda explica. O livro do historiador Ruy Wachowicz, As moradas da Senhora da Luz, reproduz essa crença. Diz-se que a primeira ocupação pelos lusitanos se deu na região do Atuba, em busca de ouro. Trouxeram de Portugal a tradição do culto à Nossa Senhora da Luz e, consequentemente, uma imagem da santa. A imagem apareceria todas as manhãs voltada sempre para a mesma direção, independentemente de como havia ficado no dia anterior. O povo interpretou como um sinal indicando para onde o arraial deveria mudar. Mas ali viviam índios hostis da tribo kaigangue. Os brancos pediram ajuda aos índios tingui, seus aliados. O encontro foi pacífico. O guerreiro kaigangue Arakxó mostrou o melhor local para se erguer o vilarejo fincando um pedaço de galho na terra. Na primavera seguinte, a estaca fincada onde hoje é a Praça Tiradentes brotou, cresceu e floriu.

De capela a basílica

Capela, matriz, basílica ou catedral. Independente do título, do tamanho ou da localização, o templo católico sempre teve estreita ligação com a história de Curitiba.

1668 – É criada a igreja de Nossa Senhora da Luz e Bom Jesus dos Pinhais na atual Praça Tiradentes. A construção não passava de uma pequena capela de pau-a-pique, com traços de um possível estilo colonial, segundo o historiador Ermelino de Leão.

1693 – Instalação de uma Câmara Municipal: os eleitos são empossados dentro da igreja matriz. Era 29 de março e o povoado torna-se a Vila de Nossa Sra. da Luz e do Bom Jesus dos Pinhais de Curitiba.

1714 – O vilarejo cresce e a Câmara encarrega Lourenço de Andrade para administrar as obras de uma nova matriz, no mesmo espaço.

1721 – As obras da nova matriz são concluídas em pedra e barro. Além de lugar para as missas, também ocorriam as reuniões da Câmara.

1784 – A igreja passa por reparos devido a rachaduras, resultado dos lençóis freáticos próximos à superfície: a sede muda para a capela da Ordem Terceira.

1853 – O Paraná se torna província independente de São Paulo.

1858 – A reforma da matriz é concluída. São construídas duas torres; nos anos seguintes surgem rachaduras em razão dos lençóis freáticos.

1875 – A sede da matriz foi transferida para a Igreja do Rosário, engenheiros deram parecer apontando demolição e reconstrução do edifício.

1876 – O engenheiro Chalréo é escolhido para fazer a planta. Mas seu projeto não agradou ao presidente da província.

1877 - O francês Alphonse Conde des Plas projeta a catedral em estilo gótico. Começam as obras, mas no ano seguinte param por falta de verbas.

1880 – As obras são retomadas com recursos da loteria. A demolição da antiga Matriz é concluída.

1886 – As torres são concluídas sob supervisão do engenheiro italiano Giovani Lazzarini.

1888 - A Lei Áurea é sancionada. Anos antes, Lazzarini criou a Caixa de Socorro para acidentes e para alforriar os cativos.

1889 – A República é proclamada e os trabalhos param. Estado e Igreja se separam, não há mais compromisso estatal com a construção.

1893 – Finalmente a obra da catedral foi dada como concluída.

1894 – O primeiro bispo, D. José Camargo, é empossado e a Igreja recebe o título de Catedral.

1926 – É criada a Arquidiocese de Curitiba com a posse do primeiro arcebispo, Dom João Francisco Braga.

1947 – Início da construção do prédio anexo, para abrigar serviços paroquiais.

1993 – A catedral é elevada à categoria de Basílica Menor, no ano do centenário da construção.


Aquarela de William Lloyd de 1872, em primeiro plano estão as Ruínas de São Francisco e, ao fundo, as torres da antiga matriz

Comemoração em frente da antiga matriz
Aquarela de Debret da primeira metade do século XIX, à esquerda é possível ver a fachada da matriz
Reconstituição do projeto de Chalréo Júnior desenhado pelo engenheiro Harry A. Bollmann, professor da PUCPR. Parte do livro “As moradas da Senhora da Luz”, de Ruy Christovam Wachowicz 
Vista do interior da igreja a partir do órgão
Assassinaram o mestre-de-obras

A série que conta a história da Catedral de Curitiba fala hoje sobre o alemão Heinrich Henning, morto “a pedido” do presidente da província, Vicente Machado

Além de ter tido muitos projetos e arquitetos responsáveis por sua edificação, a Catedral de Curitiba contou com diversos mestres-de-obras. Um deles, o alemão Heinrich Henning, é certamente o mais emblemático desta história. Ele assumiu as obras em 1886 (era funcionário da estrada de ferro), quando a Catedral já estava com uma parte construída.

O alemão luterano era conhecido por ser severo, mas bastante companheiro de seus colegas de trabalho – assim o descreve Cid Destefani no livro A Cruz do Alemão. Por ser um homem duro, teve diversos problemas: certa vez se desentendeu com o engenheiro Giovani Lazzarini. Este último reclamava de trabalhar com o alemão porque Henning não sabia “dar o respeito”. As brigas desencadeadas entre os dois chegaram a ser publicadas em jornal – na época, a “Gazeta Paranaense”.
Lazzarini chegou a contestar um pedido de dívida feita por Henning no jornal, dizendo que o luterano não tinha se comportado “com o devido respeito a seu superior” e afirmou que “nada lhe dava porque nada lhe devia.” O texto foi publicado em 1888, dois anos antes de Henning pedir a conta e abandonar o trabalho de mestre-de-obras da catedral, em 1890.

A decisão de largar o trabalho ocorreu depois que Henning discutiu com o padre Alberto Gon­çalves, que queria ampliar a sacristia, já praticamente pronta. O pároco acusou Henning de ter transformado a igreja num templo luterano e Henning retrucou dizendo que o projeto não era dele e que apenas havia executado o que deveria ser feito. Neste dia, o mestre-de-obras foi embora. A Catedral foi entregue por Henning quase pronta: faltavam apenas alguns detalhes internos.

No momento da inauguração, em 1893, o padre Alberto decidiu colocar no pilar do lado direito de quem entra na Catedral uma placa com o nome dos que participaram da construção. Não deu outra. O nome de Henning não constava na placa e a justificativa era a de que só foram homenageados os que fizeram parte da última comissão de obras. Na verdade, diz-se que todos os homens que trabalharam na igreja e defenderam o projeto de estilo gótico foram omitidos. O genro de Henning, indignado e em um momento de fúria, desferiu 15 marteladas na placa alocada na catedral – as marcas do ato estão lá até hoje.

O trágico fim de Henning

Depois de deixar as obras da catedral, Heinrich Henning adquiriu uma propriedade na área do Assunguy, próximo a Cerro Azul. Em 1893, mesmo ano em que a catedral foi inaugurada, eclodiu no país a Revolução Federalista, movimento que visava tirar Marechal Floriano da presidência. No fim do ano, tropas federalistas, vindas do Rio Grande do Sul, se aproximaram do Paraná. Vicente Machado, então presidente da província, apoiou o Marechal; cidades do Sul e do Litoral estavam dominadas pelos rebeldes. Em 1894, acuado, Vicente decidiu transferir o governo para a cidade de Castro e seguiu em comitiva pela estrada do Assunguy, assim como o padre Alberto Gonçalves (da matriz), que também estava na comitiva.

Depois de deixar as obras da catedral, Heinrich Henning adquiriu uma propriedade na área do Assunguy, próximo a Cerro Azul. Em 1893, mesmo ano em que a catedral foi inaugurada, eclodiu no país a Revolução Federalista, movimento que visava tirar Marechal Floriano da presidência. No fim do ano, tropas federalistas, vindas do Rio Grande do Sul, se aproximaram do Paraná. Vicente Machado, então presidente da província, apoiou o Marechal; cidades do Sul e do Litoral estavam dominadas pelos rebeldes. Em 1894, acoado, Vicente decidiu transferir o governo para a cidade de Castro e seguiu em comitiva pela estrada do Assunguy, assim como o padre Alberto Gonçalves (da matriz), que também estava na comitiva.

Vicente Machado, ao saber o que Henning fizera, decidiu encomendar a morte do ex mestre-de-obras. Na região do Assungy, em Cerro Azul, vivia o Coronel Hermógenes de Araújo, amigo de Vicente, que contrata o matador Diamiro Furquim, salientando ao pistoleiro que trouxesse uma prova do serviço.

Diamiro Furquim foi à propriedade de Henning e disse trazer uma intimação do governo da província para esclarecer a posse de um fuzil. Por esse motivo, o alemão teria de acompanhá-lo a Curitiba. Heinrich acabou indo com o desconhecido e no caminho foi morto com um tiro e, em seguida, decapitado.

Na casa de Hermógenes, Vicente estava de visita. A cabeça foi entregue a Hermógenes como prova da tarefa cumprida. Conta-se que Vicente, ao vê-la, se aterrorizou e disse que ao pedir a cabeça do alemão esperava que fizessem algo discreto. Somente no ano seguinte, os Henning encontraram os restos do exímio mestre-de-obras. A cabeça, desaparecida, estaria enterrada no pátio da casa de Hermógenes.

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